sexta-feira, 4 de junho de 2010

OS CABELOS DE SOFIA

Caio, estava dentro de seu carro, aguardava o sinal abrir. Olhava sempre os automóveis em volta. Em um, a mulher passava batom, em outro um jovem escutava uma música que parecia animada, no seguinte mais na frente um homem acendia um cigarro. O rapaz, era o que se podia chamar de realizado, tinha muitos amigos, muitas mulheres, um bom carro. Mas a impaciência e o vazio, sentimentos que se tornaram velhos conhecidos, não o deixavam nunca.

Mas nem sempre foi assim, ele não teve no início uma vida das melhores. Filho de pais separados deveria ter dois ou três anos quando aconteceu, e desde então não passou a ter mais contato com o pai. Vindo de colégios públicos, mas sempre sendo o primeiro da turma, foi fácil conseguir o “lugar ao sol”. Passando por uma universidade com perseverança. Depois de um concurso, mais um primeiro lugar, e um excelente emprego.

Sinal verde, pensativo dava a partida, mas se assustou com um barulho parando em seguida. Não acreditava, na frente do carro uma mulher caída. Perplexo, sai do carro imediatamente. Ao se aproximar da moça ainda caída, admira os cabelos da vítima. De um louro que somado aos reflexos do sol escaldante, resultavam nos mais belos que já havia visto em toda a vida. Aqueles fios dourados molduravam o rosto belo e atraente da jovem Sofia. Que por sorte, não sofreu nada mais grave, somente algumas escoriações. Ele sentiu-se invadido pelo frio que lhe inundou o ser, que mais pareceu água gelada a molhar o íntimo. Aquele que só sente quando a atração pela outra pessoa é das mais fortes e arrebatadoras. Pergunta entre adoração e preocupação:

- Você está bem?

Sofia responde meio atordoada:

- Acho que sim.

Ele então sorri o mais tranqüilo dos sorrisos.

Cinco anos se passaram, encontra-se no mesmo sinal fechado. Agora não olha mais os carros em volta. Dentro do seu a contempla, que sentada ao lado, é sua mulher. No banco detrás duas crianças brincam. Não procura mais, agora ele tem. O sinal abriu, Caio se vai não mais acompanhado pela impaciência e o vazio, mas sim pelos cabelos de Sofia.

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