segunda-feira, 7 de junho de 2010

A DÍFICIL ARTE DE FORMAÇÃO DE UM CARÁTER



De Hans Christian Andersen com seu patinho feio a Telma de Figueiredo Brilhante, nossa querida Telma Brilhante, e sua Arabela, passaram-se anos a fio na literatura infantil. Mas todo esse tempo não foi o suficiente para banir das mais baixas regiões da alma humana, o mais vil dos sentimentos, o preconceito.

Encantou-me a aula, uma verdadeira lição, que Telma nos oferece, quando a menina encontra uma lagartixa desesperada. De saída para uma festa o bicho perdeu o rabo. E seu maior pavor seria não ser aceita, pois se tornara diferente, isso em um grupo é um crime que tem como sentença a exclusão:

“- Por que está triste, dona lagartixa?

- Porque perdi meu rabo. Sem ele, não posso dançar. Fico diferente. E as diferenças pesam, ninguém vai querer saber de mim.”

Um abraço nessa hora é o mais milagroso dos elixires, um tônico raro. A escritora desenha esse abraço na literatura criando a cena que Arabela acha o rabo perdido e o cola em sua dona. Essa radiante se despede e segue para o baile das borboletas.

A fogueira das vaidades, chamas ardente que queima o humano, se faz também presente no enredo, mas novamente a voz da razão se faz em Arabela quando ela ordena as orgulhosas letras, que se orientem e juntas formem uma mensagem para se ler. Despertadas do egoísmo profundo as letras a obedecem.

A amizade vira antídoto contra a inveja, quando a menina cativa a bruxa, e esta de invejosa passa a uma boa amiga.

A autora foi muito feliz em misturar clássicos infantis como Alice no país das maravilhas e João e Maria, com elementos comuns a todos os contos infantis ela cria uma historia única com identidade própria. Proeza conseguida por poucos. Geralmente essas misturas são perigosas por quase sempre resultar em mesmice.

A fantasia é um instrumento que ampara a criança na descoberta no dia a dia de um mundo às vezes nem sempre generoso, em momentos se mostra cruel. O gênero literário aqui em questão, é um dos mais importantes dentro de toda a literatura. Pois tem a chance de educar um ser ainda em seu inicio, quando se encontra um coração ainda puro das corrosões dos dias causadas por mais que magoas, cicatrizes profundas. Em que a vida é especialista em cravar.

A literatura infantil é um universo vasto, formado por inocência, aventura e principalmente por fantasia. Daí uma grande aliada na formação de um caráter. Usada de maneira simples, mas acima de tudo com responsabilidade é fundamental na construção de um ser humano.

Parabéns minha cara Telma, você conseguiu.

Cássio Cavalcante, 03 de fevereiro de 2010

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